quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Parte VI - Olhos de Ressaca

Para ler ao som de: Deserts Lands - Trading Yesterday

Maysa passou uma semana em casa, absolutamente sozinha e sem fazer nada. Tinha consulta marcada para sexta-feira, era o dia de tirar o gesso de seu braço e começar a fisioterapia. No fundo sentiu-se feliz por voltar ao hospital, havia uma pequena esperança de encontrar o homem do qual não sabia o nome.

(...)

Pedro teve uma longa semana no hospital, os segundos se tornavam horas. Não via a rua, nem sentia o cheiro de verde há uma semana. Não sonhava, nem pintava, não era nada enquanto estava internado. Tudo era muito doloroso, mas tentava seguir em frente. O processo de quimioterapia era sofrido, mas tinha que tolerar. Acreditava que ninguém podia fugir de seu destino, muito menos escrever outro, sendo assim havia de ter uma razão para tudo que lhe estava acontecendo. Qual? Ele ainda não sabia.

Finalmente, chega sexta-feira, e é dia de poder passar o fim de semana em casa. Seu pai, sempre muito amoroso vai buscá-lo, juntos passam pela recepção e param para conversar com o seu oncologista. É uma simples conversa, leviana, mas no meio desta Pedro entra em choque ao olhar uma garota que não era Capitu, mas possuía os olhos de ressaca. Aqueles cabelos cacheados o chamaram toda a atenção do mundo, aquela pele cor de jambo e o ar de menina o enfeitiçaram. Não conseguia tirar os olhos dela, seguia-a com o olhar até ela sumir do seu campo de visão. E aquela imagem sedutora, de uma menina com os olhos impecáveis de Capitu ficou em sua memória.

Tentou informações sobre ela, sentia necessidade de torna a vê-la. Ele era o poeta e ela se tornou a inspiração. Questionava como as coisas podem acontecer tão rapidamente, foi apenas vê-la e uma tamanha admiração florou por dentro de si. Parecia que a conhecia de algum lugar, não era tão normal essa sensação, algo o fez encontrá-la ali, ou quem sabe reencontrá-la. Ele acreditava em destino, Pedro era espírita.

Sem sucesso de reencontrá-la, desistiu (temporariamente) de vê-la novamente. Sentia dentro de si que voltariam a se encontrar. Rumando para casa não conseguiu tirar das suas lembranças os olhos daquela menina, que não era Capitu, mas possuía os olhos de ressaca.

7 comentários:

  1. Sem palavras. Estonteante esse teu espaço!

    beijos

    ResponderExcluir
  2. Eu quero mais...
    coloca mais de um capitulo estou suuuper cuuuriosa!
    ¦Þ

    ResponderExcluir
  3. "Ele era o poeta e ela se tornou a inspiração." Perfeito!

    Também escrevi um conto que um dos personagens chama-se Pedro, adoro esse nome.

    Pois é Laís, eu resolvi voltar aos poucos. Logo logo colocarei textos meus. Mas eu tô acompanhando sua história, desde o início. Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Olhos de ressaca como Capitu, a imagem desses olhos me tonteiam, quizá o poeta.

    Bjs

    ResponderExcluir
  5. Na minha opinião, a parte mais linda: "Ele era o poeta e ela se tornou a inspiração."

    ResponderExcluir
  6. Ah em meio a tanto sofrimento e dor, que bom que encontraste
    uma inspiração.

    Linda noite flor!
    Bjs & abraços!

    ResponderExcluir
  7. Olhos tristes tem segredo... tem gente que mesmo sorrindo mostra tristeza nos olhos...

    lindo seu texto...

    abraço com carinho

    ResponderExcluir

Pior do que uma mulher que fala o que pensa é uma mulher que escreve. (Tati Bernardi)