sábado, 19 de fevereiro de 2011

Parte III - Chuva e lágrimas

Para ler ao som de: James Blunt - Tears and Rain

Há anos atrás tudo que deseja era que a noite caísse, para que assim sua mãe lesse suas melhores histórias. As histórias que ela mesma escrevia para sua pequenina. Todos os dias uma nova história surgia, fazendo Maysa ansiar pela hora de dormir, pois era momento em que se transportava com sua mãe para um mundo mágico. Mas, depois da morte dela, odiava a noite, e pedia todos os dias que o sol não fosse embora. Era o pior momento do dia, era a ocasião em que sentia muita falta de sua mãe, necessitava muito da sua mãe afagando seus cabelos.

Sua mãe morrera de câncer. Morreu. Câncer. Dor. Falta.

Maysa não suportava lembrar os últimos momentos que teve com sua mãe, se sentia uma total impotente, tentando do todos os modos tornar a dor de sua progenitora em sua própria dor. Tentava entender como a vida lhe tirou aquilo que mais amava sem nem pedir permissão. Era como não respirar há cinco longos e deprimentes anos, não sonhava, não amava e não sentia seu coração bater de um jeito meigo.

Num súbito gesto, foi rude em não deixar que as lembranças lhe matasse aos poucos, levantou e sem nem ao menos colocar um calça, pegou as chaves do carro e saiu. Não podia deixar a sua cabeça estacionada, não queria deixar-se matar aos poucos. Já era tarde, a leve garoa que surgiu junto com a noite transformou-se em torrentes de chuvas. Maysa achou que dar uma volta no bairro não lhe faria mal algum, precisa respirar.

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Chora muito, e junto com as lágrimas vêm às lembranças ecoando em sua memória: seu aniversário de 15 anos, seu primeiro beijo, sua primeira menstruação, sua aprovação no vestibular, todos os momentos que mais precisava de sua mãe, ela não pode estar, são momentos que foram importantes e que sua mãe não estava. Sentiu uma pontada forte no peito ao pensar que haveria tantos outros momentos que viriam e sua mãe não estaria em físico, talvez em alma. Tornou-se tão dura, fria durante esses anos, era menina, a mesma delicada menina que sua mãe deixou na manhã de sua morte.

- Tantas coisas que queria te contar mamãe, esses anos que tentei viver sem você foram torturantes. Volta pra mim, por favor! – Maysa começa a gritar, dirigindo cada vez mais rápido.

E num repente momento tudo ficou branco e frio...

continua...

7 comentários:

  1. Oii..

    Te vi lá no "Amor e Caos" e passei por aqui pra visitar..e já estou super empolgada com essa historia..vou acompanhar seus capitulos..rs..

    Lindo seu espaço .!

    beeejo

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  2. ..a falta nos torna descrente de tudo ..


    ** Continuo à ler ...

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  3. Laís, querida.
    Deixei um selinho o "meme literário" pra você no meu blog, pega lá! =D

    Beijo grande

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  4. Que música linda do James, ainda não havia escutado.

    Bela história... estou ansiosa pela continuação.

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  5. continua logo?


    muito muito muito bom.

    brigada pela visita no meu cantinho. Estou a te seguir aqui ta?

    um xero

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  6. Falta... quanto dói sentir falta de alguém, o pior é quando esse alguém existe, mas não sei porque não está ao nosso lado...

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  7. é difícil conviver com essa dor, nada pode preenche-la.

    Mas se deixar levar por um impulso pode ser perigoso, ainda mais com tantas emoções transbordando de uma so vez.

    Bjs flor!

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Pior do que uma mulher que fala o que pensa é uma mulher que escreve. (Tati Bernardi)